Aquecimento Solar
21/03/18
O vento, um recurso natural, gratuito, renovável e saudável, perfeito para
melhorar o conforto térmico de um ambiente, evitando o uso de recursos
artificiais e proporcionando a redução no consumo energético.
Em alguns climas extremos o uso de
sistemas artificiais se faz necessário, mas em grande parte da superfície
terrestre é possível proporcionar um fluxo de ar agradável através dos
ambientes por meio de sistemas passivos.
Alguns conceitos de sistemas de
ventilação pode auxiliar nos projetos: ventilação natural cruzada, ventilação
natural induzida, efeito chaminé e resfriamento evaporativo, que combinados à
correta utilização de elementos construtivos possibilita melhoria no
conforto térmico e diminuição no consumo de energia.
A ventilação natural cruzada é
aquela cujas aberturas em um determinado ambiente ou construção são dispostos
em paredes opostas ou adjacentes, permitindo a entrada e saída do ar. Indicado
às construções em zonas climáticas com temperaturas mais elevadas, o sistema
permite trocas constantes do ar dentro do edifício, renovando-o e ainda,
diminuindo consideravelmente a temperatura interna.
Já
a ventilação
natural induzida diz respeito àquela em que sistemas de
indução térmica são utilizados na condução do resfriamento do ar. O ar quente é
mais leve que o ar frio, fazendo com que no ambiente externo ou interno, o ar
quente suba e o ar frio, desça. Sendo assim, neste sistema de ventilação,
aberturas são posicionadas próximas ao solo para que o ar fresco adentre o
espaço empurrando a massa de ar quente acima, onde são posicionadas saídas de
ar no teto – sheds ou
lanternins.
Em
edifícios verticais, é recorrente a utilização de fluxos verticais de
ventilação pelo efeito
chaminé, no qual o ar frio exerce pressão sob o ar quente
forçando-o a subir, assim como na ventilação induzida. Porém, neste caso, áreas
abertas pelo centro do projeto ou torres permitem que o mesmo circule pelo
ambiente, saindo pela cobertura, através de lanternins, aberturas
zenitais ou exaustores eólicos.
O resfriamento evaporativo,
muito difundido na obra de Le Corbusier em Chandigarh e Oscar Niemeyer em
Brasília, faz com que pela disposição de extensos espelhos d’água ou lagos,
estrategicamente posicionados na direção das correntes de ar predominantes,
frente aos edifícios com aberturas, permite que ao passar pela água, o vento
siga com certa porcentagem de umidade, garantindo frescor a climas áridos.
Brises são exímios mecanismos à
garantia de ventilação natural, que além do controle lumínico e solar, se
designados e posicionados corretamente em união às situações solar e dos ventos
locais, podem garantir excelente qualidade térmica interna. Permitem ainda
controle, se móveis, ou mesmo em caso de elementos vazados (cobogós, chapas
perfuradas, muxarabis, entro outros) ocasiona ventilação direta com a
possibilidade de cálculo em porcentagem pela dimensão das aberturas.
Ainda aos fatores, considerar os tipos
de aberturas é imprescindível. De maneira prática, pensemos em um ambiente, que
caso opte-se por uma janela com duas folhas de vidro de correr, entende-se que
ao abrir, apenas 50% da abertura permitirá a entrada do vento. Com a mesma
dimensão do vão, se optamos por uma janela com uma ou duas folhas de abrir, a
ventilação será integral. De acordo com o tipo de janela, vedação ou porta
escolhida, influenciará diretamente na direção dos ventos (vertical, horizontal
ou inclinado) e porcentagem da massa de ar adentrada.
Barreiras também deverão ser
consideradas. Pensemos num ambiente com um pé direito duplo, uma abertura
(porta) na área mais baixa e outras duas aberturas (janelas) posicionadas na
parede oposta no ponto médio e mais alto, e ao centro, uma parede de meia
altura. Evidentemente a parede central agirá como uma barreira na direção dos
ventos, tendo de desviar-se. Outros elementos construtivos poderão auxiliar na
resolução da problemática, como por exemplo, a troca da alvenaria por elementos
vazados – cobogós.
As diferentes alturas das aberturas e
barreiras (paredes, peitoril, painéis ou mobiliário) dispostas pelo espaço
também influenciam diretamente no nível e velocidade dos
níveis de ventilação. Em cada projeto, deve atentar-se à disposição destes de
acordo com a tipologia e nível de ventilação requerida.
Referências Bibliográficas
ABNT
15.575. Guia para arquitetos na aplicação da Norma de Desempenho. Disponível
em: <http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/2_guia_normas_final.pdf>.
Acesso em 31 Dez 2017.
GIVONI, Baruch. Climate Considerations in Building and Urban Design. New
York: Van Nostrand Reinhold, 1998.
ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho
urbano. 2ª ed. São Paulo: Pro E, 2000.
VAN LENGEN, Johan. Manual do arquiteto descalço. 1ª ed. São Paulo: B4 Editores,
2014. p.46-53.
Fonte: Matheus Pereira.
“Ventilação cruzada? Efeito chaminé? Entenda alguns conceitos de ventilação
natural ” 04 Jan 2018. ArchDaily Brasil.